Se é
imperioso reconhecer a nossa obrigação de dar a César o que é de César, somos
constrangidos a observar que a experiência material reclama excessivamente da
criatura.
O
homem, quando integrado em suas funções habituais, é convidado a obrigações mil
a cada dia.
Preocupações,
ansiedades, exigências e ilusões obscurecem a visão da alma encarnada que,
pouco a pouco, quase sempre, desce devagar ao abismo largo da tristeza e do
desencanto, quando não dispõe dos recursos da fé.
Isso,
contudo, acontece vulgarmente, porque raros são os homens que se lembram dos
minutos de Deus, no círculo das horas.
Não
nos esqueçamos de que o poder humano, seja qual for a sua origem, procede do
Eterno Pai, e, se é justo pagar os tributos que nos competem na esfera densa,
quando nos envolvemos nos fluidos carnais, ninguém está impedido de
libertar-se, em espírito, a fim de procurar o Senhor e fruir-Lhe a bondade
infinita.
Inicia
a tua obra de autolibertação, concedendo alguns instantes ao Criador em suas
criaturas e em suas edificações, cada dia, distribuindo algo de ti mesmo em
amor, em generosidade, em paz, cooperação, bom ânimo e alegria e observarás que
o espaço e o tempo do Senhor, em tua vida, crescerão gradativamente,
exonerando-te de pesados impostos para com a experiência comum.
Entrega
a César o que a ele pertence, mas não olvides as obrigações que nos ligam ao
alto, porque, assim, nos adiantaremos para as Celestes Moradias, confiando os
nossos melhores sentimentos ao culto da fraternidade, com trabalho espontâneo a
benefício dos nossos semelhantes, em toda parte.
Ninguém
permanece inibido de cultivar a verdadeira felicidade, que somente floresce e
frutifica no santuário do coração.
Consagramos,
pois, a Deus, os minutos de bondade e harmonia que devemos improvisar em Seu
Nome, em favor da comunidade, dentro da qual evoluímos na luta cotidiana, e o
Senhor, em sua magnanimidade imensurável, nos entregará a Eternidade com
libertação imperecível.
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